Com pouco mais de 4,2 mil moradores, o Jardim das Hortênsias sofre com o abandono e o descaso do poder público. Logo na entrada do bairro já é possível presenciar a falta de cuidado e limpeza na ciclovia: “A Prefeitura parece não se importar”, afirma um ciclista que passava pelo local. Moradores diariamente presenciam essa cena e outras situações que pioram ainda mais o quadro obrigando-os a conviver com essa dura realidade. Além dos buracos nas ruas, falta de limpeza e zeladoria, mato alto e inúmeros problemas estruturais, a quantidade de usuários de crack que frequentam o bairro tem trazido insegurança de quem reside por ali crescendo o sentimento de abandono. “Há três meses iniciamos uma série de reuniões envolvendo vários órgãos públicos para tentar minimizar os problemas do bairro, mas, apesar da boa vontade dos envolvidos, pouco conseguiu ser feito. Por isso, em muitas visitas ao Hortênsias, presenciamos o cotidiano vivido por esses moradores”, diz o vereador Edio Lopes (PT), que apresentou na Sessão desta terça-feira um vídeo feito pela TV Câmara. Em meio a mata, o vereador encontrou espaços usados com sofás e até mesmo lonas, que viraram redutos de uso para os dependentes. Edio encontrou vários usuários, entre eles, um rapaz, visivelmente alterado pelo crack que, levava consigo o cachimbo utilizado para o consumo da pedra, afirmou morar na rua, apesar de possuir família. “A imagem é pesada para quem não está acostumado a ver isso. É uma realidade difícil, dura e que precisa ser mostrada para que o Poder Público faça uma ação urgente.” Em outro ponto no Jardim das Hortênsias, uma tenda foi montada no fundo do Aeroporto Bartholomeu de Gusmão. Lá, vive um jovem de 28 anos, que dizia possuir trabalho anteriormente e estava morando temporariamente no bairro. O vício do crack o fez abandonar o emprego e até mesmo o filho, em São Carlos. “Conheci o crack há oito anos, mas consegui tocar um pouco a vida até três meses atrás quando descambou tudo”, conta o rapaz que admite aceitar um tratamento porque consome, em média, 30 pedras de crack por dia.
Onde estão as melhorias?
Circulando por todo o bairro, o vereador ainda encontrou uma série de problemas apontados pelos moradores. O campo de futebol foi abandonado e não pode mais ser utilizado pela população. O local está tomado por mato, o vestiário está deteriorado e uma ligação clandestina de energia é um risco iminente de acidente. “Quando o campo era de terra tínhamos jogo todo final de semana, mas a Prefeitura disse que iria melhorar e ficou pior”, destaca um jovem entrevistado pelo parlamentar. “Tinha uma placa aqui com data de inauguração e valor destinado pra obra, mas tiraram depois da eleição”, conclui o jovem.
Área de lazer, Insegurança e falta de zeladoria
No bairro todo, a zeladoria parece ter sido esquecida. A Rua Dilson Domingos Funaro, a via próxima a linha férrea, é um exemplo disso, há sujeira por todo o trecho e falta varrição. “Ninguém limpa aqui faz muito tempo. Bueiro nem existe mais”, denuncia um morador. Edio Lopes encontrou um bueiro aberto com uma caixa de drenagem que poderia esconder uma criança e causar uma tragédia, conforme relato de uma vizinha. Em outro espaço, que poderia ser uma solução para a falta de opções de lazer e entretenimento para os moradores, a Área de Lazer, se tornou um problema.
A praça está abandonada, assim como a quadra e o playground, tornando impossível a presença das crianças. Sem infraestrutura e segurança, hoje, as famílias saíram, dando lugar aos usuários e traficantes de drogas.
Publicado em: 18/03/2015 15:22:55